domingo, 22 de março de 2009

a última gravação
















Aquele gesto que precisa de mais força para existir no mundo, ou quase-gesto, se me permite usar o hífem antes dele nunca mais existir. Se já tenho que me despedir de coisas, e muitas, possíveis de fotografar, imagina a despedida das coisas que nem conseguiram encarnar? Quanto tempo e lenço nas despedidas dos quase, que morrem sozinhos ...
Insisto que, se não te gravo esta tinta no papel, sou eu que morrerei sozinha em "atos sem palavras 1". Desculpe o plágio, tento requinte com Beckett, mas só deixo escapar o deserto que existe e ridiculamente tento esconder. Atos sem palavras, querido, esse silêncio quase-cheio que minha pele capta, mas não faz sentido não. Não te leio e insisto que me leias.
Queria você, o quase-amor morto por falência de quase-beijo. Te vi mais uma vez em sonho, poderia rir do tropeço da noite e cair inspirada num poema-vivo, mas veio um quase-choro, não gosto de despedidas.

terça-feira, 10 de março de 2009

Totem e Tabu



Serge Gainsbourg e Charlotte Gainsbourg
Lemon Incest


Freud explica que parentes cosanguíneos não devem
ter relações sexuais, regra que desde as " tribos primitivas"
até os dias de hoje orienta um viver em sociedade e em
linguagem simbólica.

Será que Fritzl não leu Freud????

segunda-feira, 2 de março de 2009

epifania

O grito.
Flácido, deitado ainda

sobre a linha do diafragma.
Infame, em fato, em caroço !
A potência em esplendor.

Oro pelo grito nosso;
que seja devasto sem dor,
que ecoe livre, os mil mundos.

Temo o grito cheio,
embuxado quase vingando,

e se aqui dentro ficar com saudade?
Ficar vazio?

Choro o grito mudo,
amarelo morto,

mais uma folha amassada:
cesta, lixo.