quinta-feira, 11 de setembro de 2008

com licença poética


"Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombetas anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
essa espécie ainda envergonhada.
aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e 
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro reinos
(dor não é amargura)
Minha tristeza não tem pedigree,
já minha alegria vai ao meu mil avô.
Vai ser côxo na vida, é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.



Adélia Prado





2 comentários:

Manoela Campos disse...

Adoro esse poema!!!

Ue, muito estranho, o outro comentário realmente não chegou, mas esse último sim!

E venha, venha, minha casa vive aberta

Clara Cavour disse...

bonito!

arrumei o blog! to explorando esse mundo virtual...