domingo, 22 de março de 2009

a última gravação
















Aquele gesto que precisa de mais força para existir no mundo, ou quase-gesto, se me permite usar o hífem antes dele nunca mais existir. Se já tenho que me despedir de coisas, e muitas, possíveis de fotografar, imagina a despedida das coisas que nem conseguiram encarnar? Quanto tempo e lenço nas despedidas dos quase, que morrem sozinhos ...
Insisto que, se não te gravo esta tinta no papel, sou eu que morrerei sozinha em "atos sem palavras 1". Desculpe o plágio, tento requinte com Beckett, mas só deixo escapar o deserto que existe e ridiculamente tento esconder. Atos sem palavras, querido, esse silêncio quase-cheio que minha pele capta, mas não faz sentido não. Não te leio e insisto que me leias.
Queria você, o quase-amor morto por falência de quase-beijo. Te vi mais uma vez em sonho, poderia rir do tropeço da noite e cair inspirada num poema-vivo, mas veio um quase-choro, não gosto de despedidas.

5 comentários:

Mariana Kaufman disse...

quae lamentos nas quase jantas da madrugada, ou danças matinais. nada de quase quando se diz: que lindo! e que o quase morra aberto e vien le tout!

Colageno de Dona–Turu disse...

Excelente!!!!!



malabarismo do quase-titulo...


adorei a expressao inteira das quase coisas!

Sabrina Nóbrega disse...

hahaha, o quase-título, pois é , nunca existiu pra quem não viu.
melhor assim.

achei bonito morrer aberto, inteiro.

Ilana Reznik disse...

quando se trata de comover o leitor, não tem nada de quase.

esse eu queria que fosse meu!

Adrianna Coelho disse...


Ah, Sabrina, quero ler esse texto umas 500 vezes... ou quase-500, ou quase-mais-do-que-isso... quem sabe.

eu odeio despedidas!