quinta-feira, 20 de agosto de 2009

o trajeto

Me chamou o barulho de uma concha,
um trompete e um violoncello,
ventou orquestra de areia,
madrepérola
fez-me sopro, corda,
elo,
dobrou-me papel em barquinho,

ondas pra não sei onde.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

benção

Se não há tinta, que ao menos mandem a saliva, espero. Não me sai nada, e no entanto sinto muito. Não posso largar o ofício. Modéstia minha, mas quem escreve sabe, ou crê, que o tal anjo que aparece no nascimento fica como padrinho, volta sempre. Ser gauche já é opcional. Sempre que este funcionário divino vem, entrego-lhe as mãos, só crio quando ele não vem, uma porção de teoria explicativa com tentativa de base científica.
No momento ando pensando sobre a crise. Devo ter me endividado no mês passado; el cambio español me está cobrando os juros, e posso dizer, me enganaram, gastei com vontade. E não fui só eu, o pessoal tá dando calote e escrevendo mesmo assim, se tornou um problema celestial, capaz até do anjo ter sido demitido.