segunda-feira, 4 de julho de 2011

sobre a burrice

A mesa alí, imóvel.

Até hoje não entendi porque os móveis da sala
ou de qualquer aposento não são móveis,
estão aí, pra ocupar um espaço,
um corpo parado que vai ficando senil.

A mesa repete sua existência no tempo
e os anos passam...

Eu nunca entendi
(ou talvez não me lembre
minha memória é ruim à beça)
onde é que as histórias ficam?

Hoje, quando passei pela sala,
a mesa estava lá, com suas gavetas,
vez ou outra ouço dedos estalando sobre ela
soando lentos, firmes.

Os dedos sim, são tiranos, eles dizem "sua porta,"
mas sem volume.

Eu, quando vejo, finjo que não ouço e pronto.

1 comentário:

Luisa Coser disse...

delícia te ler... desentocando sabores, e esplendores dessa vida tão mínima, tão plena de ínfimos... saudade bonita. beijo bem forte sá.