segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A menina.

Tinha astigmatismo, hipermetropia e estrabismo. Usava um óculos fundo de garrafa mesmo,que cismava em escorregar pra ponta do nariz. Não soube exatamente quando, mas aprendera a reverter a situação sem usar as mãos. A técnica consistia em levantar a bochecha esquerda, depois bochecha direita, e mais uma vez bochecha esquerda e depois bochecha direita junto com um último empurrão do nariz. Uma verdadeira dança facial.
Seus óculos sempre foram coloridos, por uma razão simples: eles combinavam com o borrão de cor que só ela via. Eles eram a janela colorida que definia onde terminava seu mundão e onde começava o pessoal lá fora.
Chorar embaçava mais, mas às vezes era bonito, porque o dia chovia com exclusividade e direitos autorais.

8 comentários:

Luisa Coser disse...

a descrição de um gesto que se repete... por que a gente se repete tanto não é? nossa forma de sabervivência... puxa! vc voltou? vamos nos ver?

Manoela Campos disse...

Ah, Sá, que coisa bonita tudo isso! "Eu digo e ela não acredita ela é bonita demais...". Vai em frente, amiga, que uma fã você já tem desde sempre.

Ana Carolina disse...

Simples e puro de sentimento, seu texto é lindo.....tem jeitinho de querer caber em si, de infancia.

Colageno de Dona–Turu disse...

Ta lindo, sá
reconheço esse gesto unico...

uma forma de ver o mundo toda especifica, ADORO!

Colageno de Dona–Turu disse...

reconheço esse gesto, unico...
movimentos espontaneos, de criação natural!
É UM RETRATO LINDOO, COM UMA COLORAÇÃO ESPECIFICA...

andré mielnik disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
andré mielnik disse...

gostaria de fixar residência na última frase, com quem trato?

andré mielnik disse...

fiz as malas para o mês e deixei ramirez em casa com a tia.
nossas fotos na grécia:
http://melomanomondo.wordpress.com/