Viciava no vício das coisas, de qualquer nada que lhe tremesse o intervalo dos ponteiros. Tic tic e o trim. O nervoso todo, era de encabulamento, dizia bem claro que ele não era triste, era encabulado, porque "tristeza não é roupa que se use, só aos domingos". Esperava o tic trim de Socorro. O ponteiro tinha dado uma porção de voltas e nenhum zunido entrante do telefone: trim. Sabe-se lá se ela comeria suas palavras doces feito o bombom que lhe entregou na missa?
O bombom ela gostou, meteu tudo na boca e riu com os dentes marronzados, feliz da vida. Todo mundo sabia que ela não era bonita de espelho, mas que na retina do homem ela brilhava, moldurada em alguma parede detrás do peito. Ele só não sabia, era se Socorro lhe cobria algum valor.
Não importa, pensou. O fato já tá escrito, em voz alta. As cartas que falam de amor, essas mesmas cabem, em intervalo nenhum, delas ele sabia.